terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Análise | Impetigore - Herança Maldita (2019)

Impetigore - pôster


O que há de mais cativante em uma considerável parcela do terror asiático são os desdobramentos executados pela narrativa por meio de três frentes muito marcantes: a maldição sobrenatural; a investigação dos porquês da existência dessa maldição; a revelação do drama seguida da resolução do problema. Nota-se que, à luz desse molde, que segue mais ou menos essa sequência que evidenciamos há pouco, o horror é o que choca inicialmente, mas conforme a investigação revela as origens sinistras que assolam algo ou alguém, quem passa a chocar mais é o drama.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

Análise | O Poço e o Pêndulo (1842)

O poço e o pêndulo - Harry Clarke


O Poço e o Pêndulo (1842) é uma das narrativas mais geniais de Edgar Allan Poe, mestre dos contos de suspense e de horror, que em mais ou menos quarenta anos de vida (1809-1849) construiu uma bibliografia vasta e recheada de obras-primas. Esse texto do autor estadunidense é cheio de elementos instigantes, com destaque, é claro, para aqueles que provocam uma atmosfera de medo, pautada, sobretudo, pela tentativa de o narrador-personagem entender a sua real condição.

terça-feira, 27 de dezembro de 2022

Análise | Planeta Fantástico (1973)

Planeta Fantástico - 1973


Na primeira cena de Planeta Fantástico (1973), filme mais renomado do realizador francês René Laloux, nos deparamos com uma situação sufocante: uma mulher, em close-up, tem as suas expressões de pânico destacadas pela narrativa, e alternando com esse enquadramento, por meio de uma imagem um pouco mais panorâmica, ela é vista correndo desesperadamente, ela tenta fugir com o seu filho de colo do local onde se encontra. Nesse caso, além de correr em um terreno plano, ela tenta, dificultosamente, subir uma elevação, só que, surpreendentemente, é por três vezes impedida por um dedo azul gigante, que depois dessas três tentativas da moça chega a expulsá-la violentamente dali com um peteleco grosseiro.

quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Especial | 40 anos de Assassinatos na Fraternidade Secreta (1982)

The House on Sorority Row

São quarenta anos desde o lançamento de Assassinatos na Fraternidade Secreta (1982), dirigido por Mark Rosman, slasher que foi violentamente esquecido ao longo das décadas, mas que acertou em cheio o coração de alguns e que, por isso, guarda até hoje certo grau de saudosismo por parte de um público selecionado. Através de uma breve pesquisa notamos um certo reconhecimento carregado pela película, sobretudo no passado: teve um orçamento, na época, de 425 mil dólares e uma receita de quase onze milhões de dólares; em 2009, ganhou um remake intitulado Pacto Secreto (2009), dirigido por Stewart Hendler. Mesmo assim, o longa-metragem de Rosman parece ter sido varrido com o tempo, é um trabalho pouco encontrado em listas mais específicas sobre filmes de suspense/terror ou até mesmo sobre slashers. A fita, contudo, tem o seu valor.

quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Análise | Berenice (1835)

Berenice - Edgar Allan Poe

“Berenice” (1835) pode não ser um dos contos mais famosos do mestre Edgar Allan Poe, mas é decerto um dos textos mais impressionantes do autor estadunidense em termos de iniciação, já que a obra é inaugurada com base em afirmações fortes: “A miséria é múltipla. A desgraça do mundo é multiforme” (POE, 2012, p. 191). O narrador, de imediato, agride o leitor, que já está pendido, já nas primeiras linhas, a uma atmosfera negativa e violenta.

segunda-feira, 25 de abril de 2022

Análise | O Gato Preto (1843)

O Gato Preto - Poe

Como geralmente ocorre nos contos em geral de Edgar Allan Poe, os parágrafos de abertura dos seus textos são geralmente pautados por um conteúdo que, de cara, anuncia o horror a ser evidenciado no restante da trama. Em “O Gato Preto” (1843), observamos um campo semântico inclinado ao estresse ditar os primeiros passos da narrativa, em que o narrador-personagem diz que os seus “próprios sentidos rejeitam o que testemunharam” (POE, 2012, p. 81); complementa ainda: “Por suas consequências, esses eventos me aterrorizaram – torturaram – destruíram” (POE, 2012, p. 81).

terça-feira, 22 de março de 2022

Análise | A Máscara da Morte Vermelha (1842)

A Máscara da Morte Vermelha


“A Máscara da Morte Vermelha” (1842) pode não ser um dos contos mais sublimes de Edgar Allan Poe, nem mesmo um dos seus mais conhecidos, mas é decerto grandioso, figura a lista quase infinita de contos seus que são absolutamente engenhosos. Já no primeiro parágrafo, alguns traços brilhantes podem ser encontrados no texto, quando uma poética ambientação, de que uma peste assola uma região, derrama sangue já nas primeiras linhas:

A “Morte Vermelha” devastava havia muito tempo o país. Nenhuma pestilência jamais fora tão fatal, ou tão hedionda. O sangue era seu Avatar e seu sinete – a vermelhidão e o horror do sangue. Havia dores agudas, e tonturas súbitas, e depois profuso sangramento pelos poros, com o óbito final. As manchas escarlates no corpo e especialmente no rosto da vítima eram o banimento pestilente que alijava a pessoa da ajuda e solidariedade de seus semelhantes. E o processo todo de acometimento, progresso e término da doença consistia de meia hora (POE, 2012, p. 143, grifos meus).